Infográfico: IoT connected Field Service
Capacitar os fabricantes, não importa onde você esteja na sua jornada de serviço de campo
Tiago Leite
Account Executive
Em abril de 2020, Satya Nadella, CEO da Microsoft, dizia que, “nos últimos dois meses de pandemia, se tinha assistido, na prática, ao equivalente a dois anos de transformação digital“. De facto, um dos (muitos) impactos trazidos pela Covid-19 foi a necessidade de as organizações acelerarem essa transformação.
Entre as diferentes tecnologias exploradas (da revolução nas videochamadas, à automação ou desenvolvimento low code/no code aplicacional), organizações das mais variadas indústrias encontraram no IoT (ou Internet das Coisas) a forma ideal de apoiar e realizar remotamente as suas operações, de manterem a competitividade perante o aumento significativo da procura de soluções toucheless e, até mesmo, de proporcionaram aos seus colaboradores ambientes mais seguros de trabalho.
Multiplicaram-se as implementações de IoT. Estimativas da IDC indicam que o valor investido globalmente em iniciativas de IoT subiu de 754,3 mil milhões de dólares, em 2020, para 845,9 em 2021, significando um aumento da ordem dos 12%. Além de global, a aplicação prática de tecnologia IoT foi também transversal à s mais diversas indústrias – da energética à de transportes ou agrÃcola, entre muitas outras.
Esse sucesso, no entanto, não foi apenas a consequência de uma necessidade, mas ficou também a dever-se a uma acentuada melhoria da conectividade (redes WiFi ou o rollout de tecnologia 5G) e à proliferação de soluções de Inteligência Artificial e Machine Learning, que facilitaram bastante o desenvolvimento de projetos IoT mais complexos. O resultado, agora, está à vista: o IoT passou a estar ainda mais presente nas nossas vidas.
Sendo a indústria de produção aquela que há mais tempo adotou o IoT, é aà que, perante os resultados das já longas experiências, se devem buscar as aprendizagens, tendo em atenção os múltiplos desafios e os top-of-mind dos seus representantes.
Para o efeito, a Microsoft lançou, neste último agosto, a mais recente versão do estudo IoT Signals, especialmente focado na indústria de produção, saltando de imediato à vista alguns importantes insights. São eles:
1 – A confirmação de uma aceleração registada na transformação digital dos negócios e dos processos, uma consequência da Covid-19. De referir, a tÃtulo de exemplo, o facto de 72% de organizações analisadas estarem já a proceder à implementação, nos seus negócios, de projetos de Smart Factories (o mais “popular” entre as muitas e variadas iniciativas de adoção de tecnologia IoT) – e já não propriamente em uma fase de “prova de conceito”, mas em fases mais avançadas.
2 – A certeza de que é nas melhorias operacionais que se encontra o foco das organizações que estão a investir neste tipo de implementação: quatro em cada cinco considera a eficiência de equipamentos o indicador de desempenho mais crÃtico de sucesso de uma estratégia de Smart Factory.
3 – A esperança de que a principal área de investimento em IoT passe a constituir uma iniciativa de automação de processos. Vários indicadores apontam para um aumento da ordem dos 29% do investimento neste tipo de casos de uso no decorrer dos próximos 3 anos.
4 – Se, até agora, o principal desafio encontrado no desenvolvimento de Smart Factories passava pelo acesso à informação operacional e sua “ligação” à infraestrutura cloud, hoje, é na falta de recursos especializados no trabalho da informação recolhida e de desenvolvimento aplicacional que se colocam os principais desafios à s implementações. Oito em cada dez organizações identificaram falhas de proficiência nas suas equipas em data science, inteligência artificial ou cibersegurança.
5 – A confirmação de que a convergência entre ambientes IT e OT (operacionais) é cada vez maior. De facto, 76% dos equipamentos de chão de fábrica destas organizações estão já conectados e a maioria das organizações encontra-se a migrar as aplicações destes ambientes para a cloud. Neste processo, um dos principais desafios encontrado pelas organizações tem a ver com a implementação de uma arquitetura empresarial que integre da forma mais “eficiente” os ambientes IT e OT.
6 – Ainda que, ao investirem em IoT, as organizações centrem o foco na componente operacional, elas passaram, no entanto, a explorar também outras fontes de receita, através de novos produtos inteligentes disponibilizados aos seus clientes. Apesar de, atualmente, já 33% da receita originada pelas organizações analisadas ser gerada por “produtos conectados”, espera-se, no entanto, que essa percentagem aumente para 47% da receita total nos próximos 3 anos.
Sendo embora claro que muitas organizações, para além da indústria, estão a adotar o IoT, poder-se-á, no entanto, assistir a uma desaceleração no decorrer deste ano e do próximo. Tal facto tem a ver com a escassez de “chips” no mercado, uma consequência das polÃticas comerciais globais, em que foram alargados os tempos de entrega e agravado o custo dos sensores que integram os produtos conectados. Tudo parece, no entanto, indicar que se irá tratar de uma desaceleração apenas a curto prazo.
Os resultados apresentados pelas implementações já feitas provam os benefÃcios da tecnologia, mas não só. É que, constituindo a sustentabilidade uma das áreas prioritárias de investimento nas organizações, espera-se que aconteçam vários desenvolvimentos de soluções e aplicações de IoT, capazes de responder ao desafio de redução de emissões Scope 3, ou seja, emissões indiretas resultantes de infraestruturas e equipamentos que as organizações não conseguem controlar diretamente.
O crescimento da adoção de tecnologia 5G permitirá também explorar outros casos de uso assentes em IoT, facilitando a implementação em larga escala da tecnologia.
Não restam dúvidas de que o IoT constitui uma verdadeira revolução, com impactos inevitáveis na tecnologia aplicacional e em processos de negócio que transformarão muitas das indústrias em muitos paÃses no mundo.
Com o número de equipamentos, produtos e infraestruturas conectadas a aumentar de modo exponencial (como curiosidade, já existem hoje mais equipamentos conectados do que habitantes no mundo, com a indicação da IoT Analytics de que em 2025 serão 27 mil milhões os equipamentos conectados), não restam dúvidas de que o nosso dia-a-dia será cada vez mais abrangido por produtos conectados e inteligentes.
Os benefÃcios vão ser seguramente muitos. Importa, no entanto, assumir, desde já que, à semelhança do registado com a internet, teremos de enfrentar um inevitável aumento dos riscos de segurança e de privacidade.