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Garantir que não se desperdiçam alimentos com a IA

Magda Mata

Magda Mata

Senior Account Executive

Tempo de leitura, 5 min.

Incrível vermos o futuro a acontecer hoje e, a ter impacto nas mais diversas áreas. O desperdício alimentar é um desafio global, e os números atuais são preocupantes. Assistimos hoje como a tecnologia e a IA estão a ajudar os produtores de alimentos e as empresas de embalagens a contribuírem para o combate ao desperdício.

Quando abre a porta da despensa, descobre que alguns dos alimentos que comprou recentemente já se estragaram ou pereceram – apesar de ainda faltarem semanas para o fim da data de validade.

Começa a sentir-se inundado por uma sensação de culpa e raiva, e com toda a razão. O desperdício de alimentos afeta-o não só em termos económicos, mas também tem um amplo impacto ético e ambiental. Não obstante a sua própria perda pessoal, há cerca de 88 milhões de toneladas de alimentos desperdiçados na Europa todos os anos, que dão origem a custos associados estimados em 143 mil milhões de euros. Dito de forma simples por Bernhard Url, Diretor Executivo da Autoridade Europeia para a Segurança dos Alimentos: “A Europa desperdiça 30% dos alimentos: é um escândalo ético.”

Embora as normas de embalagem e segurança alimentar europeias sejam das mais rigorosas do mundo, a regulamentação é apenas uma parte da solução. Desde os fabricantes que produzem e processam alimentos aos vendedores que disponibilizam a sua compra, existem muitas organizações na cadeia alimentar que estão a voltar-se para a tecnologia para ajudar a evitar e a reduzir o desperdício alimentar.

Instalações de produção da DVNutrition

A DVNutrition, um importante produtor de proteína Whey, está a liderar a mudança ao revolucionar os seus processos de produção com inteligência artificial (IA). Produzindo mais de 10 000 toneladas de proteína de soro por ano, este fabricante holandês precisa de garantir que pode tomar decisões totalmente fundamentadas durante o processo de produção, para que nenhum dos seus produtos seja desperdiçado.

Leon de Ridder, Gestor de Clientes na Axians, uma empresa de soluções de TIC que colaborou com a DVNutrition, afirmou: “Para a DVN, criámos um Digital Twin que ajusta o planeamento operacional quase em tempo real, com base na situação em constante evolução no processo de produção. O nosso ecossistema com as empresas-irmãs Actemium e Bostec tornam possível uma cooperação sólida onde são combinados conhecimentos sobre o domínio, conhecimentos sobre o processo e inovação.”

Combinando a experiência dos seus operadores com perspetivas orientadas por dados e análises preditivas, a DVNutrition consegue abrandar e até parar a produção assim que o seu tanque de armazenamento fica cheio. Tal significa que o processo de fabrico da DVNutrition está diretamente alinhado com a sua capacidade de armazenamento, mitigando o risco de sobreprodução e minimizando os desperdícios.

Mas não é só: ao aplicar novos algoritmos e ao analisar dados novos e históricos, a DVNutrition espera melhorar a qualidade das proteínas Whey. “O Whey é um produto natural e as estações do ano afetam a sua composição. Para garantir uma qualidade elevada, temos de prever a sazonalidade no nosso processo. Ao utilizarmos dados atualizados, como a temperatura, conseguimos fazer ajustes proativos em tempo real”, afirma Marcel Boon, Diretor Geral da DVNutrition.

“Através da IA, capacitamos ainda mais os nossos operadores ao fornecer-lhes dados relevantes e sem ambiguidades. Desta forma, podemos afinar continuamente os nossos processos de produção e melhorar a qualidade dos nossos produtos.”

Embora modificar os procedimentos fabris e capacitar os operadores ajudem a resolver alguns dos aspetos do desperdício alimentar, de que outra forma é que os fabricantes podem garantir que os alimentos continuam a ter qualidade muito depois de terem deixado a área de produção e estarem armazenados nas despensas das pessoas?

Embalagens da Tetra Pak em cima de uma mesa

A qualidade e a aparência das embalagens – vincos, amolgadelas ou rachas – é uma das principais causas do desperdício alimentar. A Tetra Pak, uma empresa líder de mercado em soluções de embalagem e processamento alimentar em mais de 175 países, está a desenvolver sistemas ativados por IA, um dos quais tira uma fotografia de cada embalagem individual que sai da linha de produção e realiza uma análise na linha para reduzir o número de perdas.

Os métodos tradicionais de controlo de qualidade das embalagens exigem que os operadores façam amostragem de um pequeno número de embalagens. A prova de conceito da Tetra Pak analisa a imagem de cada embalagem através de um sistema que contém um modelo com uma profunda rede neural, que consegue identificar se uma embalagem tem um problema ou não. Graças à IA, a Tetra Pak consegue entender melhor os problemas na produção dos seus clientes e fornecer-lhes recomendações, correlacionando os erros com as configurações do processo, bem como resolvendo as causas principais relevantes.

“Uma única máquina produz cerca de sete embalagens por segundo, o que torna muito pouco prática a inspeção manual de cada embalagem,” diz Johan Nilsson, VP Industry 4.0 Solutions & Digital da Tetra Pak. “Com a existência desta tecnologia na linha de produção, a Tetra Pak consegue, juntamente com os clientes, garantir melhor a qualidade e a aparência exigidas da embalagem.”

Quando retira da sua despensa todos os alimentos fora de validade, respira fundo e faz planos de voltar à mercearia. Quando escreve a sua lista de compras, espera que nem os alimentos que compra nem o dinheiro que gasta sejam desperdiçados. Ao aproveitarem tecnologias como a IA, os fabricantes de alimentos por toda a Europa estão a fazer a sua parte para tornarem este sonho sem desperdício numa realidade.

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