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O interesse das empresas pela sustentabilidade tem vindo a crescer em todos os setores, não apenas porque é o caminho certo a seguir, mas também porque há um forte business case para o fazer.

O mais recente relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas da ONU não deixa margem para dúvidas: é urgente e inadiável limitar o aquecimento global a 1,5ºC até o final do século, o que coloca um desafio a toda as organizações e à sociedade em geral.

Na próxima década é esperado que a maioria dos governos torne obrigatórios os relatórios de emissões de carbono, mas este não é o único fator motivador para as organizações. A par com a crescente pressão regulatória, assistimos também a uma maior responsabilização das empresas por parte de consumidores, credores e investidores. Há uma expectativa cada vez maior e uma noção de que a criação de valor esperada de uma empresa não se deve limitar ao retorno económico-financeiro. Existe agora o conceito mais abrangente de “ROI sustentável” que se estende ao capital humano e natural.

Ora vejamos: de acordo com um estudo da Accenture, cerca de 74% dos consumidores afirmam que as práticas éticas corporativas são um fator importante na escolha de uma marca, sendo cada vez mais notória a proliferação de apps, como a Good on You, que de alguma forma tentam pontuar o nível de sustentabilidade de uma marca, empresa ou produto.

No acesso ao crédito, segundo o survey global da Deloitte Spring 2020, 87% dos CFOs acredita que a performance das suas empresas em matéria de ESG – Environmental (Ambiente), Social (Social) e Governance (Governança Corporativa) – tem impacto no custo de capital. Em Portugal, instituições financeiras como o Crédito Agrícola estão já a desenhar credit ratings para clientes institucionais e respetivos projetos em matéria ESG.

Também o investimento em sustentabilidade tem vindo a aumentar. A Agência Internacional de Energia, no seu relatório Net Zero by 2050, estima que 640 mil milhões de dólares sejam investidos anualmente, até 2050, em eficiências energéticas e, de acordo com a financeira S&P Global, o valor do mercado global de créditos de carbono poderá valer 200 mil milhões de dólares até 2050. Não há dúvidas: a sustentabilidade é tanto um imperativo como uma área de oportunidade para as empresas.

Na Microsoft, assumimos um papel duplo – por um lado, enquanto gigante tecnológica fazemos um caminho de transformação de toda a nossa operação (muito além dos green datacenters) e, por outro, atuamos também como enabler, fornecendo soluções que capacitam outras empresas a fazer o mesmo caminho.

Na Microsoft, iniciámos a nossa jornada de sustentabilidade há vários anos, sendo já neutros em carbono desde 2012. Acreditamos, no entanto, que organizações que podem ir mais longe devem fazê-lo e como tal assumimos compromissos que vão muito além da neutralidade em carbono. Até 2030, seremos negativos em carbono (capturando mais CO2 do que emitimos), positivos em água (repondo mais água do que consumimos) e teremos zero desperdício nas operações dos nossos datacenters, embalagens e produtos. E até 2025 iremos proteger e recuperar mais terra do que a que usamos.

Após anos de caminhada na jornada de sustentabilidade, temos já várias aprendizagens que queremos disponibilizar à sociedade, apoiando e capacitando outras organizações – públicas e privadas – a fazer um caminho de descarbonização mais célere. A maioria das empresas ainda se debate como fazê-lo.

Irão deparar-se, desde logo, com três desafios: primeiro, o diagnóstico – como identificar, capturar e usar dados para perceberem em que ponto estão e então delinear o que precisam de fazer a seguir; segundo, a falta de padrões globais para registar e relatar de forma precisa e confiável as emissões de carbono e, por último, uma visão muitas vezes redutora do impacto ambiental (com muitas empresas a ignorarem as emissões ocorridas na cadeia de valor, a montante e jusante, que segundo a Carbon Trust, representam 90% da pegada ecológica de uma organização).

Com o tráfego global da internet a aumentar drasticamente, e a cada vez maior conectividade (5G, futuramente 6G) e capacidade de computação, a procura por cloud computing irá continuar a aumentar. Se, por um lado, a cloud tem a capacidade de fornecer eficiência massiva com menor pegada de carbono versus um datacenter tradicional, também é verdade que para responder à procura crescente, a Microsoft espera construir 50 a 100 novos datacenters por ano, que requerem energia, terra e água para operar. Então como garantimos objetivos tão ambiciosos em matéria de sustentabilidade? Desde já, tornando os nossos datacenters verdes e um benchmark para o mercado. Como?

Primeiramente, garantindo a compra de energia renovável para 100% da energia diária até 2025. De acordo com a Bloomberg NEF, só os contratos de compra celebrados no último ano, em 10 países por todo o mundo, totalizavam cerca de 5,8 gigawatts de energia renovável e faziam da Microsoft o maior comprador corporativo de energia renovável no planeta. Para além disso, substituímos os geradores a diesel por fontes de combustível de baixo carbono, como o hidrogénio.

Também a forma como refrigeramos os nossos servidores tem vindo a mudar. Recorrendo a um novo sistema de gestão de temperatura que aumenta o limite que faz acionar os sistemas de arrefecimento dos servidores, esperamos reduzir o consumo de água em 95% até 2024.

Inspirados no sucesso do Projeto Natick, onde submergimos um datacenter dentro de uma cápsula no mar da Escócia durante 2 anos, caminhamos agora para a submersão de servidores num líquido especial dentro dos datacenters. Esta técnica de arrefecimento líquido é mais eficiente energeticamente (visto que o líquido permanece num circuito fechado), permite aumentar a performance dos discos em 20% (útil para correr workloads mais intensivos de Inteligência Artificial e Big data), otimizar o design de racks com servidores compactados em espaços menores (permitindo criar datacenters mais pequenos preservando mais solo) e ainda prolongar a vida útil dos equipamentos, diminuindo o desperdício.

Segundo o Global E-waste Monitor 2020 da ONU, foram geradas 53,6 milhões de toneladas (Mt) de resíduos eletrónicos em todo o mundo em 2019, sendo apenas 17,4% reciclados. A Microsoft pretende reutilizar e reciclar pelo menos 90% dos equipamentos eletrónicos existentes nos nossos datacenters até 2025. Para tal, criámos inovadores Centros Circulares onde se desmontam, remontam e redirecionam componentes eletrónicos para uso próprio e de terceiros, utilizando Inteligência Artificial para prever falhas e alinhar inventário com as necessidades reais.

Estamos também a reduzir a pegada de carbono no próprio design e construção do datacenter. De acordo com Aliança Global para os Edifícios e Construção, 11% das emissões globais estão associadas aos materiais e processos de construção ao longo do ciclo de vida de um edifício, a maioria atribuídas ao betão e ao aço. Para reduzirmos o seu impacto, lançámos o Projeto Zerix de pesquisa de materiais alternativos de baixo carbono, desde inusitados painéis cultivados de algas a tubos estruturais de micélio (cogumelo).

Para ajudar as empresas a assumir o controlo do seu impacto ambiental, a Microsoft anunciou uma nova oferta SaaS, a Microsoft Cloud for Sustainability. Esta solução permite centralizar os dados num formato comum para medir, reduzir e reportar emissões, oferecendo às organizações uma visão precisa, abrangente e cada vez mais em tempo real da sua pegada carbónica ao longo de toda a cadeia de valor.

Na Microsoft, estamos a construir estratégias, soluções e parcerias que põem o poder da tecnologia ao serviço das organizações e ao serviço do Planeta. Iremos continuar a aprender e a adaptar, tanto nas nossas operações como em estreita colaboração com os nossos clientes e parceiros à volta do mundo, a construir um futuro mais sustentável.

Sustainability. Good For Business. Executive Playbook.

Fornece orientação para 6 funções em todo o C-Suite sobre como dar o primeiro passo para um amanhã mais sustentável e próspero.

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